Como criar colaboradores leais em Retail? Esta parece ser a pergunta de um milhão de euros para todos os Gestores de Equipas e Recursos Humanos.
De facto, este sector é, tradicionalmente, um dos mais afectados pela elevada rotação de pessoas. Uns partem devido ao nível salarial e por terem (ainda) alguma facilidade de mudança, outros, em busca de "acalmar", extenuados pelo ritmo frenético e desgastante a que se processa o trabalho diário numa loja. Há ainda os que, estando no início das suas carreiras profissionais, sempre encararam o trabalho neste sector como passageiro, e buscam outras oportunidades noutros sectores.
Transversal a todos os sectores, há os que simplesmente querem "mudam de chefe". E partem. Mas como este artigo não pretende colocar o ónus da rotatividade dos colaboradores no(s) Líder(es) da Equipa e na empresa, há também aqueles que partem porque não se adequam aos objectivos e estratégias da empresa (forma encontrada para dizer, simpaticamente, que não servem para aquele propósito!). E num sector altamente competitivo, esta acaba por ser, também, uma das grandes razões.
Enfim, cada caso (loja/marca) é um caso, mas parece haver múltiplas razões que fazem com que as equipas de loja pareçam não permanecerem estáveis por muito tempo.
Não há colaboradores fidelizados em Retail?
Claro que há. E essa é a boa notícia. No entanto, não deve confundir a fidelização de um colaborador com o tempo que ele passa na sua empresa. São também várias as razões que fazem com que um colaborador não mude, mesmo quando está insatisfeito. Mas isso será tema para outro(s) artigo(s).
Como criar uma cultura de fidelização e lealdade de colaboradores em Retail?
- Descobrir o que interessa a cada colaborador: Fale e acompanhe regularmente os elementos da sua equipa, e descubra aquilo que verdadeiramente os motiva, profissional e pessoalmente. Os interesses de um "Júnior" em início de carreira e idade adulta não serão os mesmos de um "Sénior" na função e com família constituída, por exemplo;
- Lidere a equipa: Pode parecer uma frase feita, porque, de facto, você já é o líder. Mas liderar a equipa neste contexto significa que não pode ficar fechado no escritório e esperar que a equipa faça o seu trabalho. Esteja no "terreno" com eles, perceba as suas angústias e dificuldades, bem como as suas mais-valias. Crie objectivos e desafios, assim como oportunidades de crescimento. Naturalmente, corrija os maus comportamentos, caso existam;
- Comunique claramente: Criando uma cultura de proximidade (o que não é o mesmo que ser "um deles"), terá a garantia que todos saberão o que deles é esperado. Para estimular a lealdade dos colaboradores, não basta estabelecer objectivos, senão igualmente limites e fronteiras.
- Dê feedback, premeie e reconheça: Os colaboradores querem saber como estão a fazer as coisas. Para muitos, uma cultura de reforço (positivo normalmente) é bastante importante para potenciar o seu crescimento. Invista tempo a premiar os que o fizeram bem e reconheça o (bom) trabalho que acabaram de fazer;
- Dê formação: Ninguém chegará à sua loja completamente formado. Mesmo os mais experientes terão que adaptar-se à sua marca e aos seus produtos. Invista na sua equipa e será percebido como alguém que se interessa pelo seu crescimento e evolução.
- Possibilite-lhes conhecimento extra: O plano de desenvolvimento de um colaborador deve prever o seu passo seguinte. Mesmo que não tenha nenhuma função superior para ele, nada impede que o seu (bom) colaborador aprenda outro tipo de matérias e obtenha outro tipo de competências. Quanto melhor ele for, melhor você será. Quanto melhor ele e você forem, melhor a sua loja será. E por melhor, na maioria das vezes, entende-se por melhor mesmo (€€€€€€€€€€€€€);
- Crie uma política de "Porta aberta": Cada colaborador deve sentir que "é ouvido". Ou, pelo menos, pode ser ouvido, sempre que queira e necessite. Caso seja um líder presente com a equipa, este aspecto deve ser "apenas" a consequência dessa mesma proximidade;
- Diga não à micro-gestão: Consoante o nível de autonomia e experiência que entretanto adquiriram, os colaboradores necessitam de maior ou menor autonomia na hora de realizar as suas tarefas diárias. Em qualquer dos casos, diga não à micro-gestão. Se você é um daqueles que pensa que "ninguém irá fazer melhor que eu", mude! Deixe-os fazer, corrija se necessário e volte a ler o ponto 4. Só assim a sua equipa lhe poderá mostrar o que verdadeiramente vale;
- Boas condições de trabalho: Financeiras, obviamente, mas não só. Trabalhar num ambiente agradável (falando de instalações) é decisivo para criar uma cultura de fidelidade;
- Assuma as responsabilidades de Líder: Proteja a sua equipa do que pode correr menos bem (por exemplo, vendas baixas). Deixe-os tranquilos e aptos a executar o seu trabalho. No fundo, obedeça à velha máxima dos treinadores de futebol (os bons :)). Quando ganhamos, ganham todos, quando perdemos, perde o treinador!