Antes de responder diretamente a esta pergunta, vejamos o que a Literatura nos diz sobre as aptidões de um Gestor. Desde logo, são identificados três tipos de aptidões:
Aptidão Conceptual
É a capacidade para apreender ideias gerais e abstratas e aplicá-las em situações concretas. A aptidão conceptual engloba a capacidade de ver a organização como um todo. Um gestor com capacidade conceptual apercebe-se da forma como as várias funções da organização se complementam umas às outras, como a empresa se relaciona com o seu ambiente e como uma alteração numa parte da organização pode afetar a outra parte.
Aptidão Técnica
É a capacidade para usar conhecimentos, métodos ou técnicas específicas no seu trabalho concreto (conhecimentos e experiência em gestão, engenharia, informática, contabilidade, marketing, ou produção são exemplos destes tipos de capacidade). Esta aptidão está relacionada com o trabalho, “com as coisas”.
Aptidão Humana
É a capacidade de compreender, motivar e obter a adesão das outras pessoas. A aptidão humana envolve características relacionadas com as capacidades de comunicar, trabalhar e entender as atitudes e os comportamentos dos indivíduos e dos grupos.
Pode o Gestor ser Líder, e vice-versa?
Ora, focando-nos agora na última aptidão, a aptidão humana, e tentando responder à questão lançada inicialmente – Pode o Gestor ser Líder, e vice-versa? – saiba o leitor que a doutrina se divide bastante quanto a este facto. Se, por um lado, há quem defenda que Líder e Gestor não podem coabitar na mesma pessoa, devido a diferenças profundas e antagónicas das suas características, outros há que defendem precisamente o contrário.
Eu sou do tipo de tende a acreditar que Líder e Gestor podem ser uma só pessoa.
Principalmente no Retalho, um bom Gestor é mais importante do que nunca. Aliás, neste sector não faltam exemplos de excelentes líderes que ao mesmo tempo eram/são ótimos gestores.
Gerir é saber lidar com a complexidade. Sem uma boa gestão, as organizações complexas tendem a tornar-se caóticas e a pôr em causa a sua própria existência. Uma boa gestão traz ordem e consistência a dimensões críticas como a qualidade e rentabilidade dos produtos. Algo que “apenas a liderança” nunca resolveria.
Se alguém é, de facto, um bom Gestor, é igualmente um perfil centrado em aspetos como a motivação da equipa, a sua direção e realização, mantendo níveis de autonomia e de motivação elevados, que orientam equipas para o desenvolvimento coletivo e individual, contribuindo, assim, com o seu potencial criativo para a excelência dos resultados.